Quem são eles?

Muito se tem falado do Black Bloc. Há os que endeusam o grupo, mas também há os que o demonizam. Mas afinal, como entender este fenômeno que pode ser visto em várias partes do mundo?

Black Block não é movimento social, tão somente uma forma de ação que empolga poucos, até alguns bem intencionados, mas cuja prática torna-se linha auxiliar da direita que historicamente sempre pregou a violência contra quem protesta. E também, com já foi dito neste espaço, mas vale repetir, facilita a ação de serviços de inteligência, mesmo vinculados a grupos estrangeiros interessados em desestabilizar governos constituídos.

O referido movimento é multinacional. Nasceu na Alemanha nos anos 80 e se estendeu pelo mundo. Neste momento está na Ucrânia, ombro a ombro com neonazistas que saem nas ruas de Kiev entoando dizeres racistas e antissemitas, sob os aplausos e colaboração da Embaixada dos Estados Unidos de lá.

 Manifestantes que induzidos querem a Ucrânia afastada da Rússia e de mãos dadas com a União Europeia. Israel, cujo governo vive de chantagens sentimentais em relação ao holocausto, até agora não se manifestou ou pelo menos a mídia nada divulgou nesse sentido.Mas como o país joga no time do que é bom para os Estados Unidos é bom para Israel, o governo aceita o esquema que tem por objetivo prejudicar a Rússia, especialmente os condutos do gás

Em Gênova, na Itália, quando apareceram os Black Blocs durante as manifestações contra o G-8 em 2001, os organizadores dos protestos suspeitaram que os mascarados que agiam com mais violência eram agentes policiais infiltrados. Até porque, quando a polícia reprimia, em vez de correr atrás dos Black Blocs batiam nos manifestantes, até o surgimento de um morto, Carlos Giuliani, assassinado pela repressão.

O caso mais evidente foi o ocorrido com o grupo pacifista Liliput, que participava das manifestações e aí apareceram os Black Blocs que atacaram a polícia. O pessoal do Liliput levantou as mãos para mostrar que não tinha nada a ver com os mascarados. O que fez a polícia? Atacou violentamente os pacifistas com as mãos levantadas e não perseguiu os Black Blocs.

Na Venezuela, Black Blocs apareceram nas manifestações contra o governo de Nicolas Maduro, como pôde ser visto nas imagens mostradas nos telejornais nacionais, sem comentários dos que normalmente criticam o movimento dos mascarados. Mas pelo andar da carruagem, Black Bloc na Venezuela atacando prédios públicos são apenas manifestantes. E como são contra o governo bolivariano de Nicolás Maduro, para os editores da mídia de mercado eles são “Black Blocs do bem”.

De qualquer forma, considerar os Black Blocs de esquerda é um equívoco que pode trazer consequências negativas para os movimentos sociais. Estes atuam com lideranças e com objetivos definidos, priorizando as mobilizações de massa para ganhar a batalha de opinião pública.

Onde atuam ou atuaram, os Black Blocs desmobilizam. Outro exemplo concreto ocorreu com o movimento Ocupa Wal Street, que depois do aparecimento do grupo ocorreu uma total desmobilização.

Aqui mesmo no Brasil, em junho de 2013 as manifestações levaram um milhão de pessoas às ruas. Hoje, apenas pequenos grupos de cerca de mil manifestantes participam de protestos. A direita, que historicamente sempre tentou impedir mobilizações populares agradece.

Vai ter Copa sim

Esta história de colocar nas manifestações a palavra de ordem “não vai ter copa” é desmoralizante e desmobilizadora. A Copa do Mundo de futebol acontecerá e os brasileiros, apreciadores do popular esporte aguardam o início da competição. Não se pode fugir a esta realidade.

O que se deve lamentar é que a maior parte dos torcedores não poderão presenciar as seleções nos gramados, a não ser pela televisão, porque os preços estipulados são exorbitantes.

No Maracanã no último domingo, o histórico clássico Vasco e Flamengo teve 13 mil torcedores pagando ingresso. A maioria absoluta não foi lá. Na Copa o público será um pouco maior, mas a maioria estará do lado de fora, acompanhando pela televisão.

Deve-se protestar também contra os elefantes brancos que serão a herança de campos de futebol em algumas cidade.

O governo federal garante que o saldo financeiro da Copa vai ser favorável ao Brasil. Até agora, a noticia corrente é que até agora os mais favorecidos são os empreiteiros. Mas se o saldo poderá ser positivo demonstra que o esquema de comunicação do governo é ineficiente.

Opinião sobre os protestos relacionados com a Copa

 Um dos coordenadores do MST, João Pedro Stédile disse que não é contra a Copa do Mundo no Brasil, por mais razão que tenham os protestos contra os gastos para a organização da competição e pela presença da Fifa.

Stédile considera um “erro político colocar todos os erros do país na reforma dos estádios, até porque oito bilhões representam duas semanas de juros que o país paga para os bancos”. A estimativa oficial mais recente , segundo ainda Stédile, é que o custo com obras em estádios chegará a 8,9 bilhões de reais.

De qualquer forma, Stédile considera válido o protesto, mas não durante a Copa, porque o futebol está na cultura do povo e seria um erro achar que os protestos vão granjear apoio popular, como comentou o dirigente do MST.

Convidado do Papa Francisco

Por falar em João Pedro Stédile, em dezembro ele esteve, a convite do Vaticano, participando, em Roma, de um seminário sobre exclusão social. A indicação foi feita pelo Papa Francisco, o que provocou a ira de gente da elite brasileira, entre eles o obscuro bisneto da Princesa Isabel de Bragança, que ainda por cima se intitula como Dom Bertrand, príncipe imperial do Brasil.

Esta gente não perde a pose e continua sempre em defesa de interesses prejudiciais à maioria do povo brasileiro. Não se conformam até hoje a rejeição popular manifestada em um plebiscito ao retorno da monarquia.

Posicionamento dos bancos ao golpe de 64

Para o Banco Itau o golpe civil militar de 1964 continuava sendo considerado uma “revolução”. Tanto assim que a agenda de 2014 menciona a data de 31 de março dessa forma.

Na verdade, os banqueiros continuam manifestando gratidão pelo retrocesso de 21 anos iniciado, não em 31 de março, porque o Presidente constitucional João Goulart estava em território brasileiro, mas em 2 de abril de 1964, quando o golpista Auro Moura Andrade declarou vaga a Presidência da República.

Pressionado nas redes sociais e em outros espaços, a direção do Banco Itaú acabou reconhecendo o erro em apontar o golpe de 64 como revolução.

Desta forma, da mesma forma que O Globo, o Itau fez a autocrítica, mas por ter sido pressionado e que hoje em dia pega muito mal defender o indefensável, algo digno apenas de figuras como o deputado Jair Bolsonaro.

Será mesmo neta de Jânio quem foi capa da Veja

Corre na internet que a tal Sininho, Elisa Quadros, é neta de Jânio Quadros, filha de Tutu, a filha rebelde do ex-presidente que renunciou em setembro de 1961 com poucos meses no governo.

Será que Sininho quer ser deputada e mesmo presidenta da República, como andam afirmando?

Se não for isso, espaço garantido na revista Veja ela tem, como aconteceu ao virar capa da edição desta semana.

Para quem não sabe, Sininho tem ganho os seus minutos de fama ao participar de manifestações no Rio de Janeiro.

Sininho já virou um fenômeno e agora estimulada pela Veja.

Como tudo que parte desta sujíssima publicação deve ser vista com desconfiança, o espaço dado a Sininho precisa ser melhor analisado. E checado se ela é mesmo neta do presidente que renunciou em um episódio que tudo leva a crer tinha por objetivo antecipar o retrocesso golpista.

Teve até um dos colunistas de sempre, desta vez em O Globo, o Ricardo Noblat, que quis comparar Sininho, que já foi presa em uma das manifestações no Rio, com a Presidenta Dilma Rousseff, que ficou três anos presa por combater a ditadura.

Por estas é outras, bom, deixa para la…

Renúncia no mensalão mineiro

O deputado Eduardo Azeredo, do PSDB, agora já é ex, porque renunciou ao mandato. Ele decidiu adotar essa estratégia para não criar embaraços ao candidato tucano Aécio Neves e ainda por cima não ter mais o foro privilegiado no STF no julgamento do mensalão mineiro onde ele é acusado de peculato e lavagem de dinheiro.

Com isso, Azeredo ganha tempo até o STF arquivar e remeter o processo para outra instância na Justiça de Minas Gerais.

Além de ganhar tempo, Azeredo espera contar também com a boa vontade da mídia de mercado para que passe a onda do mensalão mineiro, caso o processo venha a ser mesmo remetido do STF para a primeira instância em Minas. Nesta manobra, possivelmente algumas das acusações poderão ser prescritas, para felicidade geral do PSDB.

Antes tarde do que nunca

Finalmente, depois de quase 33 anos, a Justiça está decidindo julgar militares e civis pelo atentado no Rio Centro em 1 de maio de 1981.

Dois generais, Newton Cruz e Nilton Cerqueira, então comandanta da PM do Governador Chagas Freitas, nada fizeram para evitar o que poderia ter sido uma grande tragédia.

O crime está fora do prazo da anistia e mesmo se não estivesse deveriam os acusados de qualquer forma ir para o banco dos réus. Mas, antes tarde do que nunca.

Pura enganação

A escassez de chuvas tem provocaao apelos incríveis no sentido de a popúlação poupar o consumo de água. Sugerem não abrir as torneiras duarante a escovação dos dentes e assim sucessivamente.

Mas estes mesmo gênios da poupança de água nada falam sobre o alto consumo do precioso líquido nos arraiais do agronegócio e nas plantações de eucalipto. Lá sim o consumo de água é muito grande e afeta o conjunto da população. O consumo individual nas residências equivale a grosso modo a uma gota d’água no oceano.

Demissão de jornalista ameaçado

A informação divulgada pelo bloqueiro Miro Borges é de causar espécie e mostra como anda a mídia de mercado.

A informação é a seguinte: “O repórter André Caramante foi demitido do jornal Folha de S.Paulo, na segunda-feira, dia 10/2. O profissional voltava de férias, mas não encontrou seu nome na escala de trabalho da semana. Ao chegar à redação foi comunicado de sua demissão, sob a alegação de ‘contenção de despesas’”, informa a jornalista Jéssica Oliveira, do portal Imprensa.

O caso é gravíssimo. André Caramante ficou famoso ao denunciar os abusos cometidos pelo ex-chefe da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), o coronel Paulo Telhada, que hoje é vereador pelo PSDB de São Paulo. Ele foi ameaçado de morte e deixou o Brasil, com a sua família, por alguns meses. Agora,  a Folha demite o repórter para “conter  despesas”.

Patota quer impedir doações

Quer dizer que o Deputado Roberto Freire e alguns da patota do PPS querem bloquear  as doações que estão fazendo para o pagamento da multa de José Dirceu. Freire deveria explicar muita coisa,  inclusive uma boca rica obtida no governo José Serra, em São Paulo. Ele ganhava uma boa nota, 12 mil reais, em um conselho pró forma.

Qual a moral que tem para impedir que doações sejam feitas a Dirceu por quem quiser? Mas ao fazer isso a patota do PPS sabe que tem espaço garantido na mídia de mercado.

Freire perdeu uma boa oportunidade para se calar, evitando assim que seja lembrada a boca conseguida no governo Serra, quando foi acusado de apenas receber sem precisar ir ao local do conselho onde foi indicado .

Diferença de enfoque

Curioso, nos protestos na Ucrânia contra o governo constituído, os manifestantes foram considerados pela mídia de mercado apenas manifestantes e não vândalos, apesar deles utilizarem artefatos potentes e incendiários.

Em um só momento da cobertura foi dito aos telespectadores que se somavam aos manifestantes os chamados Black Blocs e um grupo neonazista, que recebe o apoio ostensivo da embaixada norte-americanas em Kiev.

Troglodita político estadunidense

O Senador estadunidense John McCain, um troglodita político do Partido Republicano, defendeu o envio de tropas de seu país para intervir na Venezuela. O troglodita ainda disse que “devemos garantir o fluxo petrolífero”.

E assim caminham os políticos norte-americanos, que defendem enfaticamente Israel, pregam intervenções em países soberanos, por se considerarem donos do mundo também atuam levando em conta a defesa de poderosos interesses econômicos.

Ao mesmo tempo que isso acontece, a mídia de mercado segue se fartando em matéria de manipulação da informação relacionada com os últimos acontecimentos na Venezuela.

Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor
jakobskind@terra.com.br


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